O Edema Macular Cistoide (EMC) é uma das principais causas de perda da visão central e pode afetar pessoas de diferentes idades. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar danos permanentes à visão.
Neste artigo, vamos explicar o que é o edema macular cistoide, suas principais causas, fatores de risco, sintomas, diagnóstico e opções de tratamento.
O que é o Edema Macular Cistoide (EMC)?
O Edema Macular Cistoide (EMC) ocorre quando há vazamento de fluido dos vasos sanguíneos da retina, levando à formação de cistos microscópicos dentro da mácula. Como a mácula é responsável pela visão central e detalhada, qualquer alteração nessa região pode resultar em perda visual. O Edema Macular Cistoide afeta a visão central, dificultando atividades como ler, dirigir, reconhecer rostos e enxergar com nitidez. Em casos avançados, pode levar à perda visual significativa se não tratado a tempo.
Principais Causas do Edema Macular Cistoide
O Edema Macular Cistoide (EMC) pode ser causado por diferentes fatores, sendo alguns dos mais comuns:
1. Cirurgia Ocular (Pós-Cirurgia de Catarata)
O Edema Macular Cistoide (EMC) é uma das principais complicações pós-operatórias da cirurgia de catarata, podendo ocorrer algumas semanas após o procedimento.
Esse tipo de edema é chamado de Síndrome de Irvine-Gass, que acontece devido a uma resposta inflamatória exagerada na retina após a remoção do cristalino.
2. Retinopatia Diabética (Edema Macular Diabético)
Pacientes com diabetes mal controlado podem desenvolver o Edema Macular Diabético (EMD), uma das principais causas de perda visual em diabéticos.
O excesso de açúcar no sangue danifica os pequenos vasos da retina, provocando vazamento de líquido e inchaço na mácula.
3. Inflamações Intraoculares (Uveítes)
Doenças inflamatórias como Uveíte Posterior, Uveíte Intermediaria (pars planite), Esclerite e Vasculites de Retina podem desencadear o edema macular cistoide.
As inflamações aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos da retina, levando ao vazamento de fluido.
4. Oclusão Venosa da Retina
Tanto a Oclusão da Veia Central da Retina quanto a Oclusão do Ramo da Veia Retiniana pode resultar no bloqueio da drenagem do sangue, causando extravasamento de líquido e edema na mácula.
Essa condição pode estar associada a hipertensão arterial, colesterol elevado e problemas cardiovasculares.
5. Uso Prolongado de Medicamentos
Medicamentos como corticoides sistêmicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e prostaglandinas (usadas no tratamento do glaucoma) podem alterar a permeabilidade vascular da retina, favorecendo o edema macular.
6. Doenças Retinianas e Genéticas
Algumas doenças genéticas ou degenerativas da retina, como a Degeneração Macular relacionada à Idade (DMRI) e a Retinose Pigmentar, podem predispor ao desenvolvimento do EMC.
Sintomas do Edema Macular Cistoide
Os sintomas do Edema Macular Cistoide (EMC) podem variar de acordo com a gravidade e duração da condição. Os mais comuns incluem:
Visão turva ou embaçada
Distorção das imagens (metamorfopsia): linhas retas podem parecer tortas ou onduladas, como se estivesse olhando através de um vidro embaçado.
Dificuldade para ler ou enxergar detalhes finos
Redução da nitidez da visão central: pode dificultar atividades como ler, escrever e reconhecer rostos.
Sensibilidade à luz (fotofobia)
Dificuldade em perceber contrastes: torna mais difícil diferenciar cores entre objetos e o fundo.
Micropsia e escotoma central: os objetos podem parecer menores do que realmente são, ou pode haver uma mancha escura no centro da visão.
Se notar qualquer um desses sintomas, procure um oftalmologista o quanto antes!
Diagnóstico do Edema Macular Cistoide
O diagnóstico do EMC é feito por meio de exames especializados, como:
Exame de fundo de olho: O médico pode observar diretamente a retina com uma lente especial, verificando se há sinais de edema ou outros problemas.
Tomografia de Coerência Óptica (OCT) – É um exame que usa luz para tirar imagens detalhadas das camadas da retina. Ele pode mostrar o inchaço da mácula e o acúmulo de fluido, confirmando o diagnóstico de edema.
Angiofluoresceinografia – Um corante especial é injetado na corrente sanguínea e, através de uma câmera especial, o médico vê se há vazamento de fluido nos vasos da retina.
Retinografia – Registra imagens da retina para acompanhamento da evolução da doença.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento.
Tratamentos para o Edema Macular Cistoide
1. Colírios Anti-inflamatórios
Indicados para casos leves, especialmente após cirurgias oculares, como a de catarata. Esses colírios ajudam a reduzir a inflamação e diminuir o acúmulo de fluido na mácula.
Tipos de colírios utilizados:
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): bloqueiam substâncias inflamatórias responsáveis pelo edema, auxiliando na reabsorção do fluido.
Exemplos: Nepafenaco, Bromfenaco e Ketorolaco.
Corticoides tópicos: reduzem a inflamação de forma mais intensa que os AINEs, mas podem ter efeitos colaterais, como aumento da pressão intraocular.
Exemplos: Prednisolona, Dexametasona.
2. Injeções Intravítreas
As injeções intravítreas são uma das abordagens mais eficazes para tratar o Edema Macular Cistoide (EMC), principalmente quando está associado a doenças vasculares da retina, como retinopatia diabética e oclusões venosas da retina.
Tipos de medicamentos utilizados:
Anti-VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular): bloqueiam a formação de novos vasos sanguíneos anormais e reduzem a permeabilidade dos vasos existentes, minimizando o extravasamento de fluido na retina.
Exemplos: Bevacizumabe (Avastin), Ranibizumabe (Lucentis), Aflibercepte (Eylea), Brolucizumabe (Beovu), Faricimabe (Vabysmo)
Corticoides Intravítreos: reduzem a inflamação e melhoram a absorção do edema. Exemplos: Dexametasona (Ozurdex®), Triancinolona.
3. Tratamento a Laser
O laser pode ser indicado quando o edema está associado a vazamentos focais dos vasos sanguíneos da retina, como nos casos de edema macular diabético e oclusão venosa da retina.
O laser térmico cauteriza áreas da retina onde há extravasamento de fluido, selando os vasos anormais e reduzindo o edema.
Tipos de laser utilizados:
Laser focal: mais indicado para vazamentos localizados na mácula.
Laser Micropulso ou Micropulsado: atua de forma mais suave, reduzindo o impacto sobre a retina.
Frequência do tratamento: Pode ser realizado em uma única sessão ou repetido conforme a evolução do quadro.
Vantagens: Procedimento seguro e eficaz para casos selecionados.
Limitações: Pode não ser eficaz para edemas muito difusos ou avançados.
4. Cirurgia (Vitrectomia Posterior)
A Vitrectomia Posterior é um procedimento cirúrgico indicado para casos graves ou refratários de EMC, onde os tratamentos convencionais não foram eficazes.
Quando a Vitrectomia Posterior é indicada?
Quando o edema macular cistoide é causado por tração vítreo-macular.
Quando há membrana epirretiniana causando distorção na mácula.
Em casos crônicos e resistentes a injeções e laser.
Como funciona a Cirurgia?
O vítreo (substância gelatinosa dentro do olho) é removido e substituído por solução salina, gás ou óleo de silicone. Se houver membranas sobre a mácula, elas são retiradas para reduzir a tração sobre a retina.
Recuperação:
Pode levar algumas semanas. Em alguns casos, o paciente precisa manter a cabeça em determinada posição para a melhor absorção do gás injetado no olho.
Vantagens: Opção para casos mais complexos e refratários.
Limitações: Procedimento invasivo, com riscos como descolamento de retina e formação de catarata.
5. Controle das Doenças Sistêmicas
Quando o Edema Macular Cistoide (EMC) está relacionado a doenças sistêmicas, como Diabetes e Hipertensão Arterial, Inflamações Intraoculares (Uveítes), é essencial tratar a causa subjacente para evitar recorrências e melhorar a resposta aos outros tratamentos.
Medidas essenciais:
Controle rigoroso da Glicemia: Essencial para prevenir e estabilizar o edema macular diabético.
Monitoramento da Pressão Arterial: Reduz o risco de oclusões venosas da retina.
Controle da Inflamação Ocular: Tratamento adequado de Uveítes pode evitar danos permanentes na mácula.
Acompanhamento Oftalmológico Frequente: Monitoramento contínuo para ajustes terapêuticos conforme a evolução do quadro.
Vantagens: Reduz o risco de recorrências e melhora a resposta aos tratamentos. Limitações: Exige disciplina do paciente para seguir corretamente o tratamento.
Conclusão
O Edema Macular Cistoide (EMC) pode comprometer a visão se não tratado a tempo. A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para preservar a qualidade da visão.
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Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376
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